O Shabat anterior a Pêssach é chamado de Shabat haGadol, o Grande Shabat. Existem várias explicações para esse nome: costumeiramente, os rabinos aproveitavam para instruir e lembrar a comunidade de todas as leis e práticas de Pêssach e suas minúcias. A prédica se alongava e, por isso, o shabat era sentido como um shabat maior, um grande shabat.
 
Outros explicam que a origem do nome está na antecipação do Grande Milagre que foi a libertação dos hebreus do Egito. Aproveita-se essa data para iniciar, de certa forma, os preparativos de Pêssach, primeiro intelectual e espiritualmente durante o shabat, e depois na prática, após a havdalá.
 
Outros advogam que a origem do nome se encontra na haftará especial, retirada do profeta Malachi, que será lida na manhã do sábado: “Eis que Eu enviarei o Profeta Elias até vocês antes do Grande e Temível Dia do Eterno (a grande redenção messiânica)” (3:23). De fato, há outros shabatót especiais no ano, que têm seu nome derivado da haftará lida especificamente naquele dia.
 
É de longa data a associação entre Shabat e Pêssach, entre Pêssach e a Redenção e, portanto, entre o Shabat e a Redenção.
 
No kidush de shabat, dizemos que o shabat é “zécher lemaassê vereshít” (“lembrança da obra da Criação”) e, ao mesmo tempo, que ele é “zécher litsiát Mitsráim” (“recordação da saída do Egito”). De fato, lemos nos Dez Mandamentos (Dt 5:15): “E você se lembrará de ter sido serviçal no Egito e que de lá Deus lhe retirou, com mão forte e braço estendido, e por esse motivo o Eterno lhe ordenou a fazer o dia de Shabat”. Segundo a Torá, o shabat não é sagrado apenas por ser a “coroa” da Criação, mas também por ser o “presente” que só as pessoas livres podem ter: o direito ao descanso.
 
Redimidos da servidão em Pêssach, tendo Deus como nosso Redentor, não tardou até que os sábios identificassem esse chag com a Grande Redenção Messiânica do futuro. A figura de Eliáhu haNaví (o Profeta Elias), como aquele que virá imediatamente antes do Grande Dia do Eterno, foi trazida para o centro da mesa do sêder. Reservamos uma taça para Eliáhu, caso ele chegue para anunciar o novo tempo de redenção, a Era Messiânica de paz absoluta entre todas as nações, sem guerras nem fome, sem opressão nem pobreza.
 
No Bircát haMazón de shabat (a reza após as refeições), nós pedimos à Divina Providência que acelere a chegada da Redenção, o “Dia em que tudo será Shabat” (“Yom sheculó Shabat”), a época em que todos seremos iguais, como a Torá ensina: “naquele dia não trabalharão nem você, nem seu filho, nem sua filha, nem seu servo, nem sua serva, nem seus animais, nem o peregrino que viaja em sua terra, para que todos descansem exatamente como você” (Dt 5:14).
 
Que venha Pêssach e que venha Eliáhu haNaví e que, em breve, ainda em nossos dias, possamos ver concretizada a esperança messiânica de paz, justiça e equidade. Do mesmo modo que tivemos o privilégio de ver concretizada “a Esperança de dois mil anos, de sermos povo livre em nossa terra, terra de Tsión e de Yerushaláim”.
 

Shabat Shalom.
Moré Theo Hotz